Cê era calmaria, moço.
Não posso dizer que tudo o que vivemos foi ruim, nem que você não era um cara incrível que me recebia com sorriso largo e olhar sincero no rosto. Hoje, por ser quem eu sou, eu te perdoo de coração aberto, as mancadas que você cometeu, os dias que chorei como se o mundo fosse acabar, as horas que passei pensando o que seria de mim sem você. E é isso, estou bem, viva, descobrindo a felicidade de ser eu. O amor, esse sentimento tão puro que você fez brotar em mim, foi o que me fez querer ser melhor, dia apos dia. Preciso te dizer que cada conquista minha ainda é pensando em você. E que, ainda que não tenha dado certo, lá na frente, espero que você se orgulhe de mim, e que, principalmente, tente ser uma pessoa melhor também.
Depois de você, procurei me ocupar com outras coisas pra tentar me distrair enquanto você não voltava. Passei a valorizar mais as pessoas pelo simples fato de não irem embora, de não desistirem, como você desistiu. Algumas pessoas passam pela nossa vida e marcam e não importa quanto tempo passe, eu nunca vou esquecer quem fui quando estava com você. Ir pra aula só pra te ver, conversar por horas com você antes de dormir, voltar pra casa segurando tuas mãos e sentindo ser toda sua. E quando estava tudo complicado, eu te procurava. Cê era calmaria, moço. Onde erramos? A nossa vida fez aquela curva, - a minha vida fez uma curva pra ser mais exata -, não posso mais falar da gente no plural, agora é eu e você, cada um tratando de cuidar da sua vida. Não sei por que mas eu tinha a esperança de te encontrar depois da curva. E como sempre, você não estava lá me esperando. Eu fiquei meio perdida (meio não, completamente perdida), confesso. Demorou um tempo até eu me situar, até encontrar o meu rumo, qual caminho seguir. Mas eu arrumei a bagunça e continuei minha vida, você sabe, a memória tortura, as lembranças torturam, a saudade tortura, e quando aperta muito a gente chora feito criança, se sente só, falta rumo, sentido, falta um guia, com isso eu dormia e quando acordava, pensava: “Até quando?”
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