Ela é a minha saudade.

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Existe aquela saudade sincera e leve que a gente sente ao acordar, que nos impulsiona em ligar pra dar ''bom dia'' ou conversar sobre qualquer assunto aleatório que surgir em mente. Essa saudade é capaz de nos tirar os pés do chão, de nos transportar até onde o outro está, de nos mergulhar em sensações, de sentir o abraço, o toque da pele, o beijo molhado, e isso tudo transforma nosso dia em algo mais leve de se encarar. Essa saudade nos dá coragem pra sair às três da matina de encontro ao outro, a tomar chuva, ir a qualquer lugar mesmo sem conhecer ou pegar o trânsito das dezoito. Pra essa saudade não existe desculpas, ''fica pra próxima'', ''deixa pra depois'' ou ''a gente se vê''. E existe aquela saudade que surge quando perdemos alguém por incompetência ou comodismo nosso. Quando alguém passa por nós, deixa muito de si e vai embora. E quando isso acontece, a saudade deixa de ser nossa companheira, ela se torna algo avassalador que bagunça tudo dentro da gente. E aquela moça, foi capaz de tirar os meus pés do chão, mas em compensação, a queda foi mais intensa pela altura do voo.

A saudade que ela deixou me faz pensar constantemente onde ela está agora, com quem sorri e se tem algum ombro amigo pra quando ela chorar. Me faz pensar se ela pensa em mim com a mesma intensidade que eu lembro dela todas as manhãs, ou se antes de dormir, olha o celular em busca de algum sinal meu. A saudade que ela deixou foi feito barco furado com um  só remador seguindo correntezas que seriam mais fáceis de enfrentar se ela estivesse comigo agora. A saudade que ela deixou tem o sabor do seu beijo, a cor dos seus olhos castanhos escuros e a sua pele com marcas de lençol.


Ela se transformou em minha saudade, mas que fique claro, sentir saudade não quer dizer que a quero de volta. Eu prefiro que ela esteja distribuindo sorrisos por aí, tendo bons assuntos pra falar de boca cheia e fazendo da vida o que sempre desejou fazer, sem se importar pro que as pessoas vão pensar. Prefiro que ela esteja sem mim e feliz, que seja pra ela o que eu não conseguir ser. Só espero que, entre cervejas, porções de babatas fritas e música ao vivo, ela lembre de mim. Só espero que, entre Nando Reis, séries de terror e filmes franceses, eu tenha se tornado a saudade dela também, porque independente de não poder mais estender aos mãos e levá-la 
pra esses bares com mesas nas calçadas (ou muitas vezes sair por aí sem destino), eu sigo segurando os momentos que passamos juntos e levo comigo pra onde quer que eu vá, e tudo isso, definitivamente, não tem como largar.

Talvez esse seja o papel da saudade, avisar quando você tem que voltar, lembrar que você precisa do abraço de alguém muito mais do que você pensou precisar. Saudade é quando alguém deixa mais de si do que conseguimos suportar e talvez, a função da saudade seja ressaltar aquilo que a gente insiste em esquecer, porque algumas pessoas, mesmo que não estejam mais ao nosso lado, algo delas, algum detalhe ou característica que seja, acaba ficando. Algumas pessoas, mesmo tão distante, continuam entre a gente. E ela, faz parte desse tipo de pessoa em mim. Do tipo de pessoa que, simplesmente, não tem como esquecer. Ela é a minha saudade, e você é a saudade de quem?

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